Bloomberg Línea — A Líder Aviação, um dos principais players em serviços da aviação executiva no Brasil, vai ampliar a oferta de voos e aeronaves em 2025 após firmar novos contratos de longo prazo principalmente com clientes do setor de óleo e gás, segundo a CEO, Junia Hermont, em entrevista à Bloomberg Línea.
A conquista de novos clientes deve contribuir para manter a trajetória de crescimento das receitas neste ano, segundo a executiva. Em 2024, a companhia aumentou em 23% seu faturamento anual, para R$ 1,2 bilhão. Já a geração de caixa operacional medida pelo Ebitda saltou 85%, para R$ 246 milhões em 12 meses.
O resultado foi atribuído a avanços operacionais em todas as unidades de negócios da empresa, que expandiu suas operações no ano passado em São Paulo com a criação de uma nova base no aeroporto de Campo de Marte e a ampliação da base no aeroporto de Sorocaba, além de nova área em Congonhas.
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“Ao longo de 2025, vamos iniciar seis novos contratos para a indústria de óleo e gás. Isso já impulsiona nosso crescimento nesse segmento”, afirmou Hermont.
Devido a cláusulas de confidencialidade, a Líder Aviação não revela os nomes dos clientes.
A CEO disse que três contratos de cinco anos envolvem helicópteros S-92; dois, do modelo AW-139; e um, do H-145. Além disso, a executiva destacou as operações internacionais com jatos executivos Gulfstream, em fretamento.
Junia Hermont, CEO da Líder Aviação, afirma que companhia adota cautela na definição dos investimentos programados para o ano diante do cenário de incertezas no país e no mundo(Divulgação/Líder Aviação)
“Fechamos, no final do ano, novo contrato de gerenciamento de aeronave. Vamos fretar um Gulfstream para voos intercontinentais. Com isso, ampliamos nossa oferta de voos e aeronaves para o mercado”, disse a executiva.
Um dos efeitos das mudanças operacionais anunciadas no ano passado, como a atuação no Campo de Marte e aampliação de base em Sorocaba, será uma maior capacidade de manutenção de aeronaves, tanto de aviões quanto helicópteros. A base de Sorocaba é dedicada à manutenção de asa fixa (aviões).
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A executiva afirmou ainda que a companhia tem investido em customização de aeronaves e em novos hangares, mas descartou a compra de novas aeronaves neste ano.
“O momento é de cautela, não só por causa do cenário nacional mas também do mundial”, observou a CEO, em referência às previsões de desaceleração econômica com os juros elevados no Brasil e dos efeitos negativos no comércio exterior com a guerra tarifária nos EUA.
“Todos os investimentos que estamos prevendo para este ano foram muito bem embasados para que a empresa prossiga com muita cautela”, explicou a executiva.
A política de tarifas de Donald Trump deve afetar o ambiente de negócios do segmento da aviação executiva, mas ainda é cedo para especificar o timing e a dimensão desse impacto, segundo Hermont.
“Vamos ter que aguardar realmente a definição do governo americano, mas se prosseguir em linha com o que está sendo divulgado, isso vai afetar toda a indústria, porque compramos muitos materiais de fabricantes americanos, e a a cadeia de suprimentos está muito interconectada”, avaliou a CEO.
Outro aposta da Líder Aviação é a implementação de um projeto de IA (Inteligência Artificial), voltado para medidas de redução de custos.
“É um projeto robusto, voltado para engenharia, que vai trazer mais assertividade e também redução de custos. Estamos sempre inovando a cada ano para que a Líder Aviação mantenha nosso padrão de qualidade, com os custos sob controle”, disse Hermont.
Quanto ao promissor – segundo analistas – segmento de eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical), a CEO disse acompanhar a evolução dos projetos, mas que o posicionamento estratégico da companhia é evitar por enquanto destinar investimento para essa área.
“Muitos projetos de eVTOL ficaram no meio do caminho, porque não conseguiram fundos. Somos muito conservadores e valorizamos solidez financeira. Só vamos investir em eVTOL quando o mercado tiver certeza de um projeto e de sua capacidade de continuidade, aliado obviamente à performance “, avaliou.
Consolidação sem aumento de custos
A meta da Líder Aviação para 2025 é atingir um crescimento de 17% em Ebitda e de 22% em faturamento bruto, em continuidade à curva ascendente de 2024, segundo o CFO Ronaldo Ribeiro Silva.
“A expectativa é que o exercício atual seja de consolidação do crescimento financeiro da empresa. O importante é que estamos conseguindo evoluir operacionalmente sem aumentar os custos de maneira relevante, pois já estávamos nos preparando para essa retomada”, disse o executivo.
O lucro operacional atingiu R$ 95 milhões, versus um resultado próximo de zero em 2023. O índice de endividamento (dívida líquida dividido pelo Ebitda) teve queda em 2024, passando de 1,5x em 2023 para 1,0x em 2024.
Já o resultado líquido foi impactado pela variação cambial, com a desvalorização de 28% do real perante o dólar em 2024, e apresentou resultado líquido negativo de R$ 80 milhões.
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